ALBERTO DE OLIVEIRA - o "mais parnasiano"; escreveu poemas sentimentais, descritivos e satíricos.
RAIMUNDO CORREIA - suas obras apresentam reflexões de ordem moral e social, com versos pessimistas e filosóficos.
Vaso Chinês
Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura -
Quem o sabe? - de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:
Que arte, em pintá-la! A gente acaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto de Oliveira
A Cavalgada
A lua banha a solitária estrada.
Silêncio! ... Mais além, confuso e brando,
O som longínquo vem se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da calçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,
E as tropas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha.
E o silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta,
A lua a estrada solitária banha...
Raimundo Correia
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